segunda-feira, 26 de março de 2012

Para ser exata, 2:48 AM.

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- É ele.

O celular já estava gritando seu segundo toque e eu imóvel na poltrona sem saber se corria ou se ficava, era madrugada, quase 3 horas já, não poderia ser outra pessoa, tinha que ser ele, quem mais ligaria a essa hora? Já disse pra ele parar com isso, guardar as palavras de amor para si mesmo e me deixar em paz, mas nós não conseguimos fazer isso nunca não é? Sempre tem um segundo que se houver distração, manda para o lixo aquele trabalho todo, aquele esforço todo. Terceiro toque no telefone, e eu ali ainda, parada, sentindo o suor escorrer pelo pescoço e chegar na gola da blusa velha e surrada digna de ficar em casa. Apaguei o cigarro no cinzeiro dando fim a fumaça que saia pela janela e peguei a taça de vinha do chão, mais um toque e eu já estava em pé ao lado da mesa da sala de um apartamento pequeno e aconchegante que abrigava milhares de histórias,entre elas, muitas de amor. Ficar ali era quase sufocante levando-se em conta o fato de que cada centímetro daquele lugar me lembrava você. E foi isso que eu tentei evitar, sempre quis que fosse você ai e eu aqui, sem invadir espaço qualquer, sem você entrar no meu mundo de vez, ainda mais desse jeito tão rápido, porque eu sabia que quando você resolvesse partir iria deixar em pedaços todo esse mundo, e as vezes eu sinto como se você estivesse sentado no meu sofá, chego até ir conferir para ter certeza. Mais um toque, e como um impulso peguei o celular em cima da mesa antes mesmo de poder pensar o que dizer e atendi, não disse nada e pude ouvir a sua respiração, ofegante, como se fosse vacilar a qualquer instante.
- Já está tarde.
- Eu só queria dar boa noite.
- Quase bom dia, se for ver o horário.
- Preciso te ver.
- Já discutimos isso milhares de vezes e eu já disse que não.
- Mas . .
- Não, eu preciso dormir, acordo cedo.
- Não estava preocupada com isso até agora, tenho certeza que estava sentada na janela fumando seu cigarro e tomando algum vinho que você deve ter comprado naquela conveniência na rua da sua casa.
- Por favor, não faça suas adivinhações, estão cada vez piores.
- Olha . . .
- Não, olha você, chega tá bom? Acabou, supere.
- Como vou superar a perda de algo que sempre foi meu?
- Nunca fui sua, agora conforme-se.
- O que acabou? A confiança? O amor?
- Tudo. Virou cinzas, entende?
- Não pode, não enquanto você e eu estivermos sofrendo dessa maneira.
- Pode sim, e vai ser.
- Está bem, se você acha melhor assim, boa noite.
- Adeus.


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