sexta-feira, 5 de julho de 2013

Cecília

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Cecília era criatura particular, alucinada que só ela, mas nunca em lugar algum achei criatura tão doce. Ah se Cecília visse no que minha vida se transformou depois que ela se foi. E a maldita me deixou, e mesmo feito isso me dói insultá-la ainda. Cecí como costumava chamar no  meu mais íntimo era dona de olhos incrédulos e bordados de perfeição. Certa vez me surpreendeu sem querer deitada em nosso leito com o vestido que ganhou aos quinze, o mesmo corpo ainda, as mesmas pernas morenas, as mesmas sardas no rosto. Ah minha menina, teria eu mudado nossas vidas se tivesse implorado para você ficar? Mas você não me deu essa chance, me fez acordar e encontrar a cama vazia, o armário vazio, a casa vazia, o coração vazio. Levou o vestido dos quinze anos, ingrata. Era dona de um espírito forte, conseguia preencher qualquer cômodo vazio apenas com sua presença, mesmo escandalosa inebriava minha alma só de me olhar nos olhos, me devorava sem sair do lugar. As vezes estou passando pela sala e fico na porta esperando seu carro parar, ah Cecília, como pode levar o brilho dessa casa? Como pode me deixar sem um pingo de compaixão? Deixou nossos planos de lado e foi viver pelo mundo, nem se preocupou com meu fraco coração, com o risco de um infarto, o risco de um suicídio. Já não faz mal, já entendi seu jogo. Veio ao mundo para ferir os corações, mostrando as pernas para seduzir os mais ingênuos e tirar toda a virilidade dos homens. Ah Cecí, quem fará agora dos meus dias, dias de alegria?


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